O Município de Liberato Salzano situa-se no norte do Estado do Rio Grande do Sul, na Região do Alto Uruguai, a 400m acima do nível do mar. Essa altitude torna o vento bastante quente. Apresenta uma área de 245 km² com uma topografia bastante acidentada e pouco variável. A maioria desta área está coberta de vegetação, devido ao difícil acesso nestes terrenos. O Município conta com riquíssimo Parque Florestal, onde encontra-se madeira nativa e de lei. A população atual é de 5.289 habitantes; destes, aproximadamente 77,6% reside em área rural, distribuídos em cerca de 26 aglomerados rurais maiores. A densidade demográfica é de 23,53 hab/km². A média é de 3,16 habitantes por domicílio.
Na primeira década do século passado, deu-se início à colonização. Desbravando a mata virgem, Marcolino Paiano, por motivo político, fugiu do Município de Palmeira das Missões e veio estabelecer-se aqui. Foi ele o primeiro morador desta terra. Já em 1931, um grupo de famílias, proveniente do Município de Guaporé, constatando a fertilidade deste solo, veio fixar morada aqui, dando início a um significativo progresso agrícola. Este grupo era formado pelas famílias de Antônio Ferrarini, Gervásio Folle, Vitorino Enderle, Armindo Enderle, João Dalla Corte, João Soranso, Jacó Pastório, Angelo Biasuz, Antonio Pauletti e Santo Marcolan. Este lugarejo passou a chamar-se de Marcolino em homenagem ao primeiro desbravador desta terra, senhor Marcolino Paiano. Logo Marcolino teve seu nome alterado em data incerta para Baitaca. Segundo informações de moradores da época, ter-se-ia dado este nome devido à grande quantidade de papagaios, ainda existentes no local. Em 1958, foi alterado, definitivamente, o nome de Baitaca para Liberato Salzano, em homenagem ao saudoso Dr. Liberato Salzano Vieira da Cunha, ex-secretário de Educação e Cultura do Estado do Rio Grande do Sul, desaparecido tragicamente em um acidente aéreo. Quando denominado Marcolino, era vinculado ao território de Passo Fundo. Com o desmembramento político administrativo de Sarandi, do Município de Passo Fundo, Marcolino, e posteriormente Baitaca, passou a ser distrito do novo município de Sarandi. Com o movimento de emancipação político-administrativa de Constantina, desmembrando-se de Sarandi, Liberato Salzano passou a ser distrito de Constantina. Em 1963, o povo desta terra, imbuído de um forte espírito de dependência político-administrativa, iniciou o movimento emancipacionista. Em 22 de março de 1964, foi instaurado em todo o Distrito um plebiscito vencendo o “sim”. Em 1º de junho de 1964, através da Lei Governamental de nº 4.736, foi criado o Município de Liberato Salzano, hoje em pleno desenvolvimento.
O tempo passou, a população salzanense foi aumentando, com isso deu-se o marco inicial a agricultura com o cultivo do milho e feijão, logo após desenvolvendo-se o cultivo da soja, fumo, gado-leiteiro e suinocultura. Esse crescimento ocasionou a necessidade de um comércio, surgindo então os estabelecimentos dos senhores Alberto Araújo, Ricieri De Carli e Ernesto Ferrarini. Com o desenvolvimento da povoação, foram instaladas indústrias, como moinho de Etelvino Três, a sapataria de Hermínio Tonezer, Ferraria Saboti e serraria Tozi.
Os primeiros imigrantes que chegaram a Marcolino, por volta de 1931, enfrentaram muitas dificuldades, pois não haviam estradas; precisaram abrir picadas que eram feitas com suas foices, facão ou até mesmo machados, derrubando matas para fazer lavouras. As casas eram construídas aos poucos, com construções feitas de tábuas e bem simples. Usavam como meio de transporte a carroça, que era puxada por animais; o comércio, no início, era feito à base da troca de mercadorias. Não havia luz elétrica e o conforto entre os moradores, que passavam por muitas necessidades, era precário. Aproximadamente dezoito anos depois da chegada das primeiras famílias de origem italiana a Marcolino, apesar de várias dificuldades, sem medir esforços e com seu trabalho árduo, esses desbravadores acabaram condicionando a população a uma boa infraestrutura. Além das famílias italianas, na sua maioria, vieram alguns alemães e caboclos. Hoje, Liberato Salzano é conhecida como “Terra da Diversificação”, com uma base produtiva alicerçada na diversificação de culturas da pequena propriedade rural, um povo que cultiva costumes gauchescos e católicos e ainda conta com a presença de indígenas Kaingang na Terra Indígena (TI) Rio da Várzea.
O ensino, a educação e a religiosidade também foram um reflexo do desenvolvimento trazido pela colonização. Assim, por volta de 1940, junto à primeira capela construída na comunidade, a qual foi dedicada à devoção de São Roque, foi construída a primeira escola, sendo sua primeira professora Mauríli Correia. A escola funcionou nesse local até ser construído o Grupo Escolar, onde hoje é a Rua Voluntários da Pátria. A partir da emancipação político-administrativa do município, iniciou-se um processo mais organizado em relação às questões educacionais atreladas ao município. O desenvolvimento da educação é um reflexo do desenvolvimento ocorrido nos últimos anos e uma preocupação da Administração Municipal para atender as demandas que são crescentes. O município já chegou a contar com 37 escolas, das quais 35 eram de alvenaria e 2 de madeira, todas elas oferecendo condições para o processo de construção do conhecimento. Eram atendidos na época, 1.095 alunos de 1ª a 6ª séries. Tinha ainda 3 escolas da rede estadual, as quais atendiam 830 alunos de 1º e 2º graus. Por volta de 1989, o número de escolas diminuiu para 33, com 87 professores e, em 1990 o número de alunos caiu para 1.070, mantendo-se as 33 escolas e os 87 professores. Com as reformas promovidas no Ensino Fundamental, mais especificamente com a aprovação da Lei Nº 9.394 de 20/12/1996 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, o município, objetivando a redução de gastos com a implementação da municipalização do ensino básico, optou pelo fechamento de diversas escolas multisseriadas e, através do processo chamado nucleação, reuniu os estudantes das unidades desativadas em escolas pólos na área rural e na área urbana, oferecendo transporte escolar.
A cidade passa por um processo de urbanização. Nessa perspectiva, uma das preocupações mais recentes e latentes da administração é a geração de emprego e renda através da atração de investidores ao município, com a implantação de indústrias de médio e grande porte, absorvendo a mão de obra local.
Na área da educação também foi dada uma nova dimensão, com a inserção do município no Programa “A União Faz a Vida”, presente no município desde 2002. Atualmente, o município continua oferecendo formação continuada aos professores e gestores das escolas, porém não mais vinculado ao Programa “A União Faz a Vida”. No ano de 2005, o município implantou a educação de nível superior na modalidade à distância, já com a primeira turma formada em 2008, atendendo até hoje a estudantes salzanenses. A Escola Municipal de Ensino Fundamental Henrique Dias sedia um pólo da FAEL – Faculdade Educacional da Lapa, na modalidade a distância. Além disso, mantém a gratuidade no transporte escolar para a educação infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, e investe em transporte diário de universitários para as universidades da região, proporcionando aos jovens a permanência em suas famílias e a formação em cursos de graduação. Oferece merenda de qualidade, com acompanhamento de uma nutricionista, cedida pela Secretaria Municipal da Saúde, orientando os profissionais da área para elaboração de uma merenda saudável e nutritiva. Desenvolve diversos projetos de integração social, desenvolvimento da personalidade, de valores e exercício da cidadania, em convênio com a Secretaria Municipal da Saúde, Secretaria Municipal da Assistência Social, Secretaria Municipal da Agricultura, Secretaria Municipal da Fazenda e EMATER. Dentre os projetos desenvolvidos, o município oportuniza aos alunos das redes municipal e estadual atividades de música, dança, teatro e arte circenses no grupo artístico, e à terceira idade, o Coral Municipal. Além disso, também funciona em turno inverso ao da aula a escolinha de futebol, conveniada ao Clube Chapecoense. No ano de 2017, foi implementado e está sendo desenvolvido na Escola Municipal de Ensino Fundamental Henrique Dias o Projeto “PAIS” (Produção Agroecológica Integrada e Sustentável). O mapa atual da educação no município é desenhado por 04 escolas municipais e 04 escolas estaduais, além da ADLS (Associação de Deficientes de Liberato Salzano).
Em 2011, foi fundada aqui a ISAU – Indústria de Sucos do Alto Uruguai, uma indústria especializada na fabricação de sucos concentrados de laranja e seus derivados. A ISAU tem capacidade de processar 400 (quatrocentas) toneladas diárias da fruta, ou 60.000 (sessenta mil) toneladas anuais, possuindo certificações internacionais, atuando nos mercados latino-americanos, asiático e europeu, oferecendo sucos advindos de frutas com baixo uso de pesticidas. A indústria também está estruturada para processar outros tipos de frutíferas perenes, tais como uva e maçã, as quais podem ser processadas no intervalo da produção de laranja. Logo, de forma a fomentar o setor citrícola, o município possui em seu quadro funcional, 10 (dez) técnicos agrícolas e 02 (dois) engenheiros agrônomos que efetuam visitas periódicas para acompanhar o desenvolvimento do cultivo e monitorar o controle de pragas e doenças, visando o pleno sucesso da safra de citricultura. Temos como objetivo principal para consolidar a citricultura no nosso município de Liberato Salzano, chegarmos, no ano de 2022, a uma área plantada de 2.000 ha (dois mil hectares) e produzindo em torno de 70 milhões de quilos de laranja. Nesse sentido, estamos trabalhando para aumentar o tempo de colheita, projetando chegar a 10 meses por ano com matéria prima de laranja para esmagamento. Para atingir esse objetivo, estamos inserindo junto aos agricultores variedades de laranja de ciclo precoce e tardio.
A história do município pode ser resgatada em monumentos expostos na Praça Pública Municipal, recentemente reformada, como: a caixa d’água em forma de pipa de vinho, construída sobre o primeiro poço perfurado no município, homenageando as vitiviniculturas; o altar da pátria em forma de laranja, homenageando os citricultores e o chafariz em forma de mulher trabalhadora sustentando um taro de leite, que jorra água, homenageando a mulher e os agricultores aqui residentes.